Desde o princípio, a literatura serve de fonte de inspiração para a sétima arte. Personagens consagrados, de
James Bond a
Hannibal Lecter, e blockbusters por natureza, como
Tubarão e
Jurassic Park, percorreram páginas antes de
frames.
Para começar (já que a lista é longa), separamos 10 títulos essenciais -
filmes que não são apenas inspirados, mas inspiradores:
1 - O Senhor dos Anéis
Encomendado como uma continuação de
O Hobbit,
J. R. R. Tolkien transformou
O Senhor dos Anéis
em épico ao acompanhar a passagem de seu filho pela Segunda Guerra,
refletindo nos escritos angústias paternais e conhecimentos de filólogo,
teólogo, folclorista e ambientalista. Com 150 milhões de cópias, o
livro – o volume único foi transformado em trilogia por critérios
econômicos/editoriais – é o segundo best-seller mais vendido do mundo, e
a base de uma mitologia de fantasia venerada, copiada e multiplicada
desde a sua publicação, entre 1954 e 1955. Reza a lenda que, antes da
animação criada por
Ralph Bakshi em 1978, os planos de levar
O Senhor dos Anéis ao cinema estavam no radar da
Apple Films. A ideia era ter
John Lennon como Gollum,
Paul McCartney como Frodo,
Ringo no papel de Sam e
George Harrison como Gandalf. Na direção, os
Beatles queriam ninguém menos que
Stanley Kubrick. Tolkien é quem teria vetado a excêntrica proposta. Os direitos de adaptação ao cinema de
O Senhor dos Anéis e
O Hobbit foram finalmente vendidos pelo próprio escritor para a
United Artists, em 1968. A consagrada versão de
Peter Jackson
foi lançada em 2001, arrecadando mais de US$ 2,9 bilhões ao longo de
três filmes, e estabelecendo uma nova legião de fãs do universo criado
por Tolkien.
2- O Poderoso Chefão
Se em
Apocalipse Now,
Francis Ford Coppola fez uma adaptação mais “espiritual” do que prática de
O Coração das Trevas, de
Joseph Conrad, em
O Poderoso Chefão o diretor contou com a supervisão do próprio
Mário Puzo para
levar a saga dos Corleone ao cinema. Tanto o livro, publicado em 1969,
como a trilogia, iniciada em 1972, são marcos no gênero, estabelecendo
novos conceitos sobre a máfia italiana e os dramas do crime organizado.
3 – Macunaíma
"
No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite". Em 1928,
Mário de Andrade apresentou o personagem-símbolo do modernismo brasileiro. Na fase tropicalista do Cinema Novo, antropofágica como o movimento nascido em 1922,
Macunaíma foi adaptado ao cinema por
Joaquim Pedro de Andrade. Com
Grande Otelo e
Paulo José como protagonistas, o filme de 1969 é uma recriação visual do estilo nada convencional da narrativa original.
4 - Harry Potter
Desempregada, divorciada e com uma filha para criar,
J. K. Rowling
viu liberdade no seu fracasso pessoal/profissional. Começou a
reconstruir sua vida adulta ao dar continuidade a um antigo sonho, uma
ideia nascida ao acaso, em 1990, durante uma longa viagem de trem.
Publicado em 1997, o primeiro livro da saga do menino bruxo mudou a vida
de Rowling e a de milhares de jovens, que encontraram na fantasia um
escape criativo e cresceram junto com o personagem-título. O mesmo aconteceu com os filmes. De 2001, quando
Chris Columbus dirigiu
A Pedra Filosofal, até a segunda parte de
As Relíquias da Morte, em 2011, o público acompanhou as transformações e o crescimento do elenco de jovens atores, algo incomum no cinema-pipoca.
5 - Blade Runner
Desde a icônica adaptação de
Ridley Scott para
O Caçador de Androides (
Do Androids Dream Of Electric Sheep?, de 1968), o estilo futurista/melancólico de
Philip K. Dick se tornou uma constante no cinema.
O Vingador do Futuro,
Assassinos Cibernéticos,
Minority Report,
Impostor,
A Scanner Darkly,
O Pagamento,
O Vidente e
Os Agentes do Destino estão entre os filmes inspirados pelo autor.
6 – Drácula
Em 1897,
Bram Stoker
apresentou ao mundo o mais célebre dos vampiros e redefiniu a mitologia
em torno dos sugadores de sangue. No cinema, Drácula apareceu pela
primeira vez em 1922, ilegalmente transformado em Nosferatu por
F. W. Murnau, que não tinha autorização para adaptar a obra. Em 1931,
Bela Lugosi definiu o arquétipo cinematográfico do vampiro,
Christopher Lee encarnou o personagem na versão de 1958, mas foi
Francis Ford Coppola o responsável pela versão mais fiel ao espírito gótico do romance, com
Gary Oldman assumindo o posto de rei dos vampiros.
7 - Clube da Luta
Chuck Palahniuk escreveu o livro que mudaria sua
vida como um “soco na cara”. Seu objetivo era chocar ainda mais o editor
que rejeitara o seu primeiro romance,
Invisible Monsters. Para sua surpresa, a petulância acabou recompensada e
Clube da Luta foi publicado em 1996. No cinema, o estilo verborrágico/minimalista/não linear de Palahniuk encontrou representação nas mão de
David Fincher, criando um dos filmes mais cultuados das últimas décadas.
8 - Trainspotting
Em o seu livro de estreia,
Irvine Welsh
publicou uma série de contos (escritos nos mais variados dialetos do
Reino Unido) sobre um grupo de usuários de heroína. Tornou-se a voz de
uma geração que cresceu na década de 90, chocando conservadores por suas escolhas temáticas e estéticas. Pelas mãos de
Danny Boyle,
Trainspotting chegou aos cinemas em 1996, com uma das primeiras e mais marcantes atuações de
Ewan McGregor.
9- O Iluminado
Para desgosto de
Stephen King, o filme de
Stanley Kubrick se tornou muito maior do que o livro publicado em 1977.
Jack Nicholson criou o Jack Torrance definitivo, inibindo quaisquer outras tentativas de adaptação – como a minissérie de 1997, estrelada por
Steven Weber.
10 - Um Estranho no Ninho
Com mais uma memorável atuação de
Jack Nicholson,
Miloš Forman levou o livro de
Ken Kesey ao
cinema, mantendo o espírito contestador do texto original.
Consequência direta do contato de Kesey com o LSD e da experiência do
escritor como funcionário de uma instituição para doentes mentais,
livro e filme tratam a “loucura” com respeito e sensibilidade,
questionando os paradigmas que definem o que é “normal”.
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