sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Os filmes brasileiros que percorreram o mundo

Uma coisa da qual podemos nos orgulhar em nosso cinema é da sua tradição. Desde que estreou, em 1898, o cinema brasileiro produziu filmes importantes. Passamos por momentos-chave do cinema mundial, movimentos como o Ciclo Regional, as comédias da Cinédia e o Cinema Novo. É verdade que a pornochanchada deixou uma marca negativa associada a sexo, palavrão e baixaria. Mas esse período ficou pra trás. O que vemos agora é uma cinematografia madura, pronta para alçar voos cada vez maiores e gerar melhores filmes. Confira os principais filmes brasileiros que correram o mundo.

Orfeu Negro (1959)

Embora o filme seja uma coprodução entre Itália, França e Brasil, “Orfeu Negro” é o mais perto que nós chegamos de um Oscar. Em 1960, o filme ganhou o Oscar de Filme Estrangeiro. O enredo é inspirado na mitologia grega, na história de Orfeu e Eurídice. Em vez da terra dos deuses gregos, a narrativa foi adaptada para uma favela carioca em pleno carnaval.

O Pagador de Promessas (1962)

Com a devida mistura entre sertão e fé, “O Pagador de Promessas” foi o único filme brasileiro a ser premiado com o prêmio máximo do Festival de Cannes: a Palma de Ouro. A história gira em torno de Zé do Burro (Leonardo Villar), que faz uma promessa à Santa Bárbara para salvar seu burro de estimação, que tinha sido atingido por um raio. Quando o animal melhora, ele e a esposa (Glória Menezes) são obrigados a cumprir a promessa. Zé terá que caminhar 42 quilômetros segurando uma pesada cruz de madera.

Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964)

“Deus e o Diabo na Terra do Sol” foi o marco do Cinema Novo, o movimento cinematográfico dos anos 60 que tentou fazer um cinema com mais realidade e conteúdo e menor custo. Dirigido por Glauber Rocha, o filme conta a história de Manuel, um vaqueiro que se revolta contra a exploração imposta pelos coronéis no sertão brasileiro. O filme foi gravado em cenários naturais no sertão da Bahia, com baixo orçamento e elenco formado principalmente por não-atores.

Pixote – A lei do mais fraco (1981)

“Pixote” foi o filme que mostrou ao mundo um dos mais cruéis retratos da realidade brasileira. O diretor Hector Babenco foi corajoso ao mostrar a história de crianças que perdem a infância para o crime, a prostituição e a violência. A história gira em torno de Pixote, um menino abandonado que faz pequenos crimes para sobreviver no meio de uma grande metrópole. O filme foi indicado ao Globo de Ouro de Filme Estrangeiro.

O Quatrilho (1994)

Dirigido por Fábio Barreto, “O Quatrilho” conta a história de dois casais de imigrantes italianos que se juntam para morar na mesma casa. Com o tempo, a esposa de um se apaixona pelo marido da outra. Juntos, eles resolvem fugir e recomeçar a vida. O filme, que se passa nos pampas do sul do Brasil, foi indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro.

O que é Isso, Companheiro? (1997)

Um dos fatos mais marcantes da ditadura militar no Brasil (1964-85) foi o sequestro do embaixador Charles Burke Elbrick por grupos guerrilheiros de esquerda, em 1969. A história foi contada no livro “O que é Isso, Companheiro?”, de Fernando Gabeira que integrou a resistência, e adaptada para os cinemas em 1997, por Bruno Barreto. O filme narra a história de um jornalista que abraça a luta armada contra a ditadura no final da década de 60 até chegar ao sequestro do embaixador. “O que é Isso, Companheiro?” foi indicado ao Oscar de Filme Estrangeiro.

Central do Brasil (1998)

A história de uma amargurada senhora que atravessa o sertão ao lado de um menino órfão buscando pelo pai emocionou o mundo. Dirigido por Walter Salles, “Central do Brasil” é um drama sentimental sobre o crescimento da verdadeira amizade e da esperança. O filme arrebatou diversos prêmios em festivais mundo afora. Recebeu duas indicações ao Oscar: Filme Estrangeiro e Melhor Atriz (para Fernanda Montenegro).

Cidade de Deus (2002)

Em “Cidade de Deus”, Fernando Meirelles e Kátia Lund conseguiram mostrar a criminalidade do Rio de Janeiro em uma profusão de luzes, sons e atmosfera pop evocando um novo momento do cinema brasileiro. O filme rodou o mundo mostrando a favela carioca de forma inédita. A história, adaptada do livro homônimo de Paulo Lins, acompanha Buscapé, um jovem negro e pobre que cresce em um ambiente violento da comunidade Cidade de Deus. O filme recebeu quatro indicações ao Oscar, nas categorias de Diretor (Fernando Meirelles), Roteiro Adaptado (Bráulio Mantovani), Edição (Daniel Rezende) e Fotografia (Cesár Charlone).

Tropa de Elite (2007)

A saga do capitão Nascimento virou um fenômeno pop no Brasil que logo foi exportado para todo o mundo. O diretor José Padilha conta com maestria o dia a dia da elite policial do Rio de Janeiro, o Bope (Batalhão de Operações Especiais). O roteiro, do próprio Padilha junto de Bráulio Mantovani e Rodrigo Pimentel (ex-capitão do Bope), faz uma incursão pelas bandas podres da polícia brasileira. Na pele do capitão Nascimento, Wagner Moura realiza o papel mais importante de sua carreira. O filme recebeu o Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim.

Lixo Extraordinário (2011)

Se existe um tipo de filme que é a grande especialidade do cinema brasileiro, é o documentário. Os documentaristas brasileiros alcançaram grande repercussão no exterior retratando habilmente a realidade brasileira. O documentário “Lixo Extraordinário”, de Lucy Walker, Karen Harley e João Jardim, faz uma análise consistente sobre o trabalho que o artista plástico Vik Muniz realiza no Jardim Gramacho, o maior aterro sanitário do mundo. Trabalhando diretamente com os catadores de lixo, Vik Muniz transforma lixo em arte. O filme foi indicado ao Oscar de Documentário em 2011.


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