Confira quais astros recusaram receber prêmios e o porquê
Receber um prêmio pelo seu trabalho com certeza é o sonho de muita
gente. Ainda mais de artistas, que algumas vezes vêem no reconhecimento
da crítica uma validação maior do que um reconhecimento do público. Pois
qual não foi a surpresa do mundo todo quando o cantor e compositor Bob
Dylan resolveu se manter em silêncio (e até desaparecer por alguns dias)
quando foi anunciado em outubro como o vencedor do Nobel de Literatura
deste ano pela Academia Sueca.
Dylan primeiro ignorou a honraria, o que fez um membro da
academia chamá-lo de "descortês e arrogante". Quase um meses depois, ele
reconheceu o prêmio, e agora afirmou que não vai comparecer à cerimônia
no dia 10 de dezembro em Estocolmo. Ou seja, ele deve abrir mão dos US$
900 mil que o ganhador recebe caso faça uma apresentação para a
Academia. O caso é polêmico - até porquê o Prêmio Nobel é um dos mais
prestigiados do mundo - mas não foi o primeiro. Selecionamos abaixo mais
artistas que se negaram a receber honarias (e alguns, como Marlon
Brando, até pregou uma peça nos organizadores). Confira!
Sinclair Lewis recusa o prêmio Pulitzer pelo livro Arrowsmith (1926)
"Todos
os prêmios, como todos os títulos, são perigosos", escreveu o
romancista americano ao rejeitar o Pulitzer por seu livro sobre um
pesquisador médico idealista. Ele pode ter sido influenciado por um
rancor do passado: dois de seus primeiros romances, Main Street e
Babbitt, foram recomendados para o Pulitzer pelo comitê de nomeação, mas
anulados pelos curadores da Universidade de Columbia. Apesar disso,
Lewis aceitou o Prêmio Nobel de Literatura em 1930 e pode receber uma
honra póstuma por suas estranhas previsões feitas no romance de 1935, It
Can not Happen Here.
Jean-Paul Sartre rejeita o prêmio Nobel de Literatura (1964)
Naturalmente,
o autor de O Ser e o Nada questionou a existência de prêmios como o
Prêmio Nobel. Cinqüenta anos depois de ter recusado a honra, a Academia
Sueca publicou uma carta de seus arquivos que mostrava que o francês
tinha escrito que não aceitaria o prêmio se lhe fosse oferecido. Por
ironia do destino, a Academia só recebeu a carta de Sartre depois que
eles já haviam tomado a decisão.
John Lennon devolve seu M.B.E. (1969)
Os
Beatles foram nomeados membros da Mais Excelente Ordem do Império
Britânico (MBE) em 1965, mas John Lennon devolveu seu título quatro anos
mais tarde, citando diversas razões - incluindo o envolvimento da
Inglaterra na situação "Nigéria-Biafra”, o apoio da nação aos EUA no
conflito do Vietnã e as fortunas em declínio de seu novo single com a
Plastic Ono Band, ‘Cold Turkey’. Em referência a empresa dele e de Yoko,
John Lennon assinou uma carta de repúdio como “Sir John of Bag".
George C. Scott diz não ao Oscar (1961)
O
ator desprezava o que ele chamava de "concursos de popularidade" entre
os artistas, e tentou sem sucesso retirar sua indicação como Melhor Ator
Coadjuvante (por ‘Desafio à Corrupção’) na 34ª cerimônia da Academia em
1962. Uma década depois, ele simplesmente ficou longe da premiação e
estava em sua fazenda em Nova York, assistindo a um jogo de hóquei,
quando Goldie Hawn o anunciou como o vencedor por seu papel em ‘Patton -
Rebelde ou Herói?’ (1970). A esnobada fez de Scott o primeiro ator a
renunciar a um Oscar. "Eu não fui capaz de chocar a Academia a ponto de
ela fazer algo construtivo", disse ele mais tarde.
Marlon Brando recusa prêmio de Melhor Ator (1973)
"Eu
vou fazer a ele uma oferta que ele não vai recusar" é, sem dúvida, a
frase mais clássica de Brando como Vito Corleone em 1972, no ‘Poderoso
Chefão’, de Francis Ford Coppola. Mas quando a Academia de Cinema lhe
concedeu o Oscar de Melhor Ator por esse papel no ano seguinte, Brando
recusou. Em seu lugar, ele enviou Sacheen Littlefeather, uma atriz e
então presidente do Comitê de Imagem Afirmativa Nacional Nativa
Americano. Em meio a algumas vaias, ela disse que Brando, “com muito
pesar”, não poderia aceitar o prêmio, a fim de protestar contra as
representações estereotipadas de nativos americanos no cinema.
Sinead O'Connor boicota o Grammy e recusa seu prêmio (1991)
A
cantora deu a seu segundo álbum o nome de ‘I Do Not Want What I Haven’t
Got’, que foi um sucesso crítico e comercial, vendendo mais de sete
milhões de cópias em todo o mundo e sendo indicado a quatro Grammys,
incluindo Álbum do Ano e Melhor Performance Vocal Pop Feminina. Ela
acabou ganhando o prêmio de Performance Musical Alternativa, mas acabou
não querendo isso também: ela recusou, citando o comercialismo extremo
dos prêmios. A banda Public Enemy boicotou a cerimônia daquele ano
também, protestando contra o fato de que os prêmios relacionados ao rap
não seriam transmitidos na televisão no horário nobre.
Julie Andrews declina indicação ao Tony Awards (1996)
Os
amantes de teatro ficaram horrorizados quando o musical de Blake
Edwards, Victor/Victoria, foi excluído de praticamente todas as
categorias dos Tony Awards de 1996. Apenas a estrela, Julie Andrews,
recebeu uma indicação, para Melhor Performance de uma Atriz em um
Musical - mas o fato de haver tantos “esnobados” não a deixou nem um
pouco feliz. Durante uma apresentação da peça, ela anunciou seu desejo
de retirar seu nome da premiação. Julie Andrews preferia, disse ela,
"ficar junto com os escandalosamente negligenciados".
Nick Cave solicita retirada de sua indicação ao MTV Video Music Award (1996)
Indicado
pela MTV como Melhor Artista Masculino pelo seu álbum ‘Murder Ballads’,
Nick Cave escreveu ao canal para agradecer, mas recusar. Embora
estivesse "agradecido e lisonjeado" pelo reconhecimento, conforme ele
escreveu, preferiu deixar tais honras aos artistas mais confortáveis com
a competição: "Minha relação com a minha musa é delicada nos melhores
momentos e eu sinto que é meu dever protegê-la de influências que possam
ofender sua natureza frágil".
Gorillaz renuncia à consideração pelo Mercury Prize (2001)
O
álbum de estréia do Gorillaz era o favorito para ganhar o prêmio de
Melhor Álbum do Reino Unido e da Irlanda em 2001. Mas o fictício
baixista Murdoc falou por em nome da banda virtual (formada por Damon
Albarn e Blur Jamie Hewlett) quando sugeriu que o comitê "nomeasse algum
outro Muppet pobre". Ganhar tal prêmio, disse, era "como carregar um
albatroz morto em torno de seu pescoço pela eternidade”. PJ Harvey
acabou ganhando o prêmio por seu álbum ‘Stories from the City, Stories
from the Sea’.
David Bowie recusa condecoração da Ordem do Império Britânico (2003)
Se
não há nada de rock 'n' roll em aceitar uma nomeação para a Ordem do
Império Britânico, David Bowie foi muito educado para admitir. Em vez
disso, quando ele recusou o título de Comandante da Ordem do Império
Britânico, em 2000, ele simplesmente disse: "Eu realmente não sei para
que serve". Ao fazer isso, ele se juntou a uma longa lista de estimados
britânicos que renunciaram a seus compromissos, incluindo Roald Dahl,
Graham Greene, Aldous Huxley, Danny Boyle e o poeta Benjamin Zephaniah,
que recusou a condecoração em 2003: "Enfie no **, Sr. Blair e a Sra.
Rainha".
Sex Pistols insulta o Rock and Roll Hall of Fame (2006)
“Não
estou aqui para te divertir”, Johnny Rotten (ou. John Lydon) disse a
uma plateia em Memphis sobre a infame turnê de 1978 da banda na América.
"Você que está aqui para o meu divertimento". Quase três décadas
depois, quando os últimos anarquistas do punk foram institucionalizados
no Rock and Roll Hall of Fame, Lydon enviou uma carta acusando os
eleitores de "não prestarem atenção". E ainda disse que “o Rock and Roll
Hall of Fame é uma mancha de mijo". Outros que também não são fãs da
premiação são Axl Rose (que enviou sua própria carta, um pouco mais
cordial em 2012) e Ozzy Osbourne, que, alguns anos antes de Black
Sabbath ser nomeado, sugeriu que os eleitores "economizassem a tinta".
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